A espetacularização da corrupção não traz avanço algum pra luta social. Não faz sentido algum defender os petistas presos, muito menos reivindicar que o que eles fizeram foi em nome de algo maior e não para eles próprios, assim como não faz sentido achar que o espetáculo da mídia em cima de todo o caso do mensalão tem alguma contribuição à oferecer para a construção de um mundo mais justo. A Fanfarra do M.A.L. nunca tocou e não vai tocar em manifestações contra a corrupção porque por trás desse tipo de batalha existe uma defesa subentendida aos “políticos honestos”. Não existem políticos honestos, se houvessem pediríamos encarecidamente que largassem o poder e deixassem o povo mandar, uma pessoa honesta não se acomodaria numa posição de mais importância do que outra.

Além disso, estamos falando de algo que ninguém defende, não há um grupo que defenda a corrupção, ser contra a corrupção não faz desestabilizar o sistema, a não-corrupção é um valor vago e não traz em si noções específicas de atitudes que deveriam ou não acontecer. Uma batalha como essa não ganharia a projeção que ganhou se não houvessem interesses por trás, e não estamos falando dos interesses da população, estamos falando dos interesses particulares de cada político que quer se impor como sendo a alternativa aos corruptos e de cada agente que quer ter oportunidade de fazer pose de radical sob um discurso raso e conservador. Assim, fala-se de corrupção para que não se fale mais de hiper-exploração capitalista e opressão social.

Não vamos perder tempo defendendo os políticos presos sob o argumento enfadonho que outros também deveriam estar presos, mas também não deixaremos de ser críticos ao fato de que lutar contra a corrupção é defender um sistema vertical que “tem problemas”, quando sabemos que esse sistema vertical é ele próprio O problema.

No brasil, o ódio contra a corrupção faz parte do senso comum. Isso ocorre desde muito antes de junho de 2013 e muito antes do caso mensalão, e não são apenas as pessoas mal intencionadas que alimentam essa discussão. Mas se não formos capazes de aprofundar o debate para além da falha de caráter dos governantes, as questões estruturais mais sérias e urgentes continuarão sendo varridas para baixo do tapete.

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